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Um novo jeito de ver o amor - Experimentando uma nova forma de amar


Passam os dias e Paula e Clara se aproximam cada vez mais. Sempre viajam para a capital, vão ao cinema, teatro, museus. Em outros dias, vão aos parques e cachoeiras perto da cidade. Quando não saem, acabam uma indo à casa da outra para jantar, ajudar a arrumar algo que quebrou, ou simplesmente para se fazerem companhia.

Apesar de sentir que sua paixão está se transformando em amor, Clara acredita que de uma forma ou de outra, conseguirá fazer com que ele se torne fraternal. Apesar de não ser correspondida, se sente feliz de verdade com a amizade que se torna mais forte. Decide então que já é hora de conhecer outras mulheres, para desencanar ou ao menos, não correr o risco de, num momento de carência, estragar a amizade com Paula.

Acaba se lembrando de Marina, desde que se conheceram mantiveram algum contato. Apesar de não ter disso tão bom da primeira vez, percebe que naquele momento ela estava muito confusa e que hoje, tendo colocado tudo a limpo com Paula, pode tentar se permitir e se soltar, aproveitar melhor a companhia de Marina. Combinam que ela virá no feriado seguinte e passará os dias na casa de Clara.

- E o que fará no feriado? Vai para São Paulo? – pergunta Paula à Clara, enquanto estão sentadas no chão da sua casa bebendo vinho.

- Não, convidei uma amiga para passar esses dias aqui comigo.

- Bacana. Desde que te conheço não soube de ninguém vindo te visitar. – e dá um gole no vinho.

- Conheci quando fui para Sampa da última vez.

- Achei que era alguém mais antigo.

- Não, mas mantivemos contato e sei lá, ela é legal, tivemos certa afinidade...

- Como assim?

Clara fica sem graça, mas acaba falando como se conheceram e o que aconteceu. Mudam de assunto e perto das onze, Clara vai embora. Paula percebe que ficou com ciúmes e não entende se era apenas porque teria outra pessoa com quem dividir a atenção de Clara, ou se por saber a natureza da amizade entre as duas.

Chega o feriado e Paula decide ir para a capital, mas antes passa no bistrô para se despedir de Clara. Quando entra, vê Clara em pé conversando com uma mulher loira, muito bonita. Ambas rindo. Sente certo desconforto, mas vai até a amiga.

- Oi Clara tudo bem?

- Paula que bom te ver! Marina essa é minha melhor amiga! Paula essa é a Marina.

Ambas se cumprimentam e Clara sente algo estranho no ar.

- Vim aqui para te desejar um bom feriado, e avisar que vou pra Capital. Volto domingo à noite.

- Ah que pena, queria tanto que você fosse com a gente passear.

- Quem sabe numa próxima.

Paula se despede e vai para seu carro. Quando senta ao volante, sente uma vontade enorme de chorar, um aperto no peito. Arranca com o carro o mais depressa que pode. Chora o caminho todo até chegar à capital. Percebe que não gostou nada de ver Clara e Marina juntas, ainda mais parecendo estarem tão à vontade e alegres.

Sai com os filhos, visita a família, revê amigos nos três dias do feriado, mas o nó do peito não se desfaz. No domingo cedo, seu filho vai buscá-la para tomarem café numa padaria elegante que abriu a poucos quarteirões da sua casa.

Conversam sobre as novidades, seu filho conta sobre a namorada que é 5 anos mais velha e espera que sua mãe faça algum comentário desagradável.

- Que bom Junior! Você é tão maduro que não te vejo com alguém mais novo ou até da sua idade.

- Nossa mãe, me surpreendeu agora!

- Por quê?

- O papai e a Cintia falaram um monte, disseram que tô maluco, que mereço alguém melhor. Tava esperando o mesmo da senhora.

- Eles a conheceram?

- Não, depois de tudo que falaram, nem tenho vontade de apresentá-los.

- Com razão. Espera um tempo, eles vão perceber a felicidade que vejo em seus olhos.

- Tô muito feliz mãe. Já namorei muito, mas nunca me senti assim. Leve, feliz, pleno sabe?

- Acho que sei filho, quero conhecê-la! Por que não vão passar um fim de semana em casa, aposto que vão gostar da cidade.

- Fechado mãe! – e lhe dá um abraço apertado.

Conversam sobre os trabalhos, contam fofocas, falam dos sonhos, combinam passeios. Quando se faz um silêncio, Junior olha para sua mãe, pega em sua mão e pergunta:

- Mãe eu vejo o quanto a senhora está mais feliz com sua nova vida, mas hoje tô notando uma certa tristeza em você. O que foi?

Paula sente vontade de chorar e de desabafar com seu filho, mas um medo repentino a trava.

- Nada Ju, problemas do dia a dia.

- Ah não mesmo mãe, não vem com essa. Pode enganar a Cintia que é a maior narcisista e só enxerga a si mesma, o papai que nunca notou nada que não fosse a própria sombra, mas a mim mãe? Sério?

Paula decide abrir seu coração, precisa conversar com alguém em quem confie e não a julgue. Percebe que seu filho é essa pessoa.

- Acho que me apaixonei.

- Uau!! Eita, se tá triste é porque não é correspondida...

- Na verdade sou...

- Me explica, porque agora me perdi. Cadê o problema??

Paula toma outro gole do seu chá de hortelã, respira fundo e decide contar tudo.

- Não é o tipo de pessoa por quem me apaixonaria.

- Mas se apaixonou, e daí?

- É muito complicado sabe?

- Não sei não, diz pra mim mãe.

- Idade, estilo de vida, não combina com meu perfil.

- O papai combinava e não te fez feliz.

- Fez por um tempo sim, mas...

- Deixou por muito tempo de fazê-la. Enfim, a senhora é do tipo deles né?

-Como assim Junior?

- Veio toda feliz me apoiar, mas no fundo, a senhora é tão careta e cheia de regras bobas como eles né?

Paula entende onde seu filho quer chegar e percebe nesse momento que ele tem toda razão.

-Medo filho.

- De ser feliz?

- Não, de ser julgada por quem amo.

- Mãe, na boa, quem a ama só quer vê-la feliz, quem julgar é porque não ama de verdade e se ama, mas julga, é um tremendo babaca.

Paula dá risada do jeito doce e simples do seu filho.

- Mãe, seja quem for, só precisa saber se a ama, se tem caráter, se te tratará com respeito, esquece o resto!

- Você faz tudo parecer tão fácil.

- Por que é! Se a senhora perceber que a pessoa mais importante da sua vida é a senhora mesma, entenderá o quanto é simples. Vai falar de mim e da minha irmã, mas já somos adultos e estamos vivendo nossas vidas, e a senhora? Vai viver em função de atender o papel da mamãe idealizada? – diz em tom indignado.

Por alguns minutos, ficam em silêncio. Paula pede para irem embora. Junior chateado pede a conta.

- Mãe não vai embora triste comigo....

- Nunca Ju, só quero ir embora porque quero conversar com você em casa.

Seguem para casa e sentam no sofá da sala principal.

- Diga mãe.

- É uma amiga que fiz em Nova Lima. – diz e fica esperando uma atitude ríspida do filho.

- O imenso problema é que é uma mulher??? – diz indignado.

- E não é??

- Ah minha mãe, que preconceito estúpido que só faz as pessoas sofrerem!!! Me jura que não vai ser um deles!!

- E o que devo fazer?

- Viver, se permitir e ser você mesma. Apenas isso mãe.

- Ela é mais nova 14 anos também e...

- Me diz coisas de fato importantes: ela tem caráter?

- Sim.

- Te trata com respeito?

- Sim.

- Ela gosta da senhora?

- Sim.

- Apesar de ter dito não, ela ainda é sua amiga?

- Sim.

- E o que está esperando aqui sentada nessa casa linda, mas vazia e sem alma? Perdendo tempo?

- Estou conversando com você filho!!

- Mãe, pega suas coisas e vai lá, fala com, como é nome dela?

- Clara.

- Fala com a Clara que é muito boba e descobriu hoje, conversando com seu filho maravilhoso, que tá apaixonada por ela e, que tá louca para lhe dar um beijo na boca!

Dão risada e se abraçam. Paula garante que voltará para casa e falará com a Clara, porém não hoje.

- Por que não?

- Ela convidou uma amiga, que tá mais para namorada, para passar feriado lá. Não deve ter ido embora ainda. Aliás, devem até estar namorando. – diz e o aperto no peito aumenta.

- Mesmo que estejam namorando, a senhora vai lá e fala o que sente pra Clara, promete?

- Prometo.

Se despedem com muitos beijos e longo abraço. Paula decide voltar para casa. Passa em frente à casa de Clara, vê a luz da sala acesa. Manda uma mensagem.

“Oi Clara tudo bom?”

Na sequência, vem a resposta:

“melhor agora, onde você está??”

Paula fica surpresa com a rapidez e com a resposta.

“em frente sua casa”

“sobe!”

Ela chega até a porta e percebe que Clara já a destrancou. Sobe a escada e quando vai bater na porta, Clara abre e a abraça.

- Nossa que saudades!!!

- Também estava Clara.

- Vem, senta e me conta como foi seu feriado.

- Foi tudo bem, muito tranquilo. E a Marina cadê?

Clara se joga no sofá e diz com uma cara não muito feliz.

- Foi embora hoje logo cedo.

- O que houve?

- Ah Paula, tentei sabe? Me permitir viver algo novo. Na sexta fiquei de folga, saímos e foi bacana. No sábado à noite quando fui trabalhar ela foi comigo, mas sei lá. Pareceu irritada por não ter minha atenção sabe?

- Mas você estava trabalhando!

- Sim, tentei contornar, mas quando percebeu que um monte de gente vinha falar comigo, elogiar a comida, bater papo, ficou furiosa. Simplesmente saiu e me deixou lá.

- Não acredito! – Paula se levanta indignada.

- Nem eu! Parece que éramos namoradas e na verdade, apenas estávamos nos conhecendo.

Paula não se contém:

- Numa boa, ela tem cara de mimada e percebi que me olhou de um jeito muito estranho no bistrô, não ia te falar, mas agora depois do que me disse...

- Não percebi...

- Por que estava toda encantada né?

Clara nota que a amiga está irritada, sente um lampejo de esperança. Sem perceber, as palavras saem da sua boca:

- Tá com um pouquinho de ciúmes?

- Não! Estou com muito ciúmes! E mais ainda, puta da vida com a atitude imatura dela!!

Clara ri e também se levanta, pega nos braços da amiga delicadamente e a vira de frente para si.

- Que linda você com cara de brava.

- Senta Clara. – Paula se solta e senta no sofá.

- O que foi? – diz com receio de ter ultrapassado algum limite.

- Vai me ouvir agora ok?

- Sim... – responde voltando a sentar no sofá.

- Você tentou me esquecer com ela, uma pessoa que mal conhecia. Foi estupidez da sua parte trazê-la pra sua casa, percebe?

- Sim, mas eu..

- Quieta! Mas tudo deu errado e sabe por quê?

- Acho que sim.

- Por que você entrou em desespero para me esquecer, e aceitou a primeira pessoa que te chamou de bonita, se iludiu.

- Você tem razão.

- E sabe o mais doido?

- E tem?

- Sim. Vim aqui hoje sabendo o risco de encontrar você toda apaixonada por essa mulher, e mesmo assim te falar algo muito sério.

- Que não quer mais ser minha amiga? – Clara diz com os olhos cheios d´água.

- Exato, não quero mais ser apenas sua amiga.

- Não entendi... quer dizer que não quer mais SER minha amiga?

- Menina tão inteligente para tantas coisas.....

- Paula fala logo, tá me deixando nervosa!

Ela levanta e se ajoelha em frente à Clara, pega suas mãos e diz:

- Estou apaixonada por você e quero namorar você. Se ainda me quiser.

Clara sente o chão sumir e seu corpo flutuar, pede para Paula repetir.

- Sua doida, descobri que estou apaixonada por você no momento em que te vi com a Marina. Chorei o caminho todo da viagem e passei um feirado muito triste. Até que desabafei com meu filho, e percebi que é você quem quero ao meu lado.

Ambas se levantam e se abraçam com força. Clara segura o rosto de Paula com as duas mãos e beija suavemente seus lábios. Paula abre a boca e recebe a língua quente e ansiosa. As mãos percorrem os corpos, as bocas não se desgrudam e as respirações ficam ofegantes.

Clara pergunta baixinho no ouvido de Paula:

- Não tem ideia de como te quero.

- Tenho, deve ser o mesmo que te quero.

Clara se solta do abraço, e com os olhos cheios de lágrimas diz baixinho:

- Não vou estragar isso! Só que não tô me aguentando de vontade de sentir seu corpo. É capaz de pular etapas e atrapalhar tudo.

Paula a puxa de volta para dentro do seu abraço e diz olhando em seus olhos:

- Sem regras, sem padrões. Apenas vamos deixar fluir, fazer tudo o que nos der vontade, combinado?

Clara a beija ainda mais intensamente. Suas mãos entram por baixo da blusa de Paula, que suspira. Enquanto beija sua boca, sua mão direita vai percorrendo suas costas bem de leve, enquanto a esquerda passeia por sua barriga, sobe até o colo, vai até o pescoço e desce para os seios. Paula se contorce.

- Tudo bem? – Clara sussurra.

- Melhor impossível...

Tira a blusa, depois o sutiã e beija cada pedacinho do corpo de Paula. Vai até suas costas, beija da nuca até a cintura, passa pela lateral do corpo, suas mãos vão de leve brincando nos seios e colo. Segura firme a cintura e a puxa de encontro a seu corpo, ambos quentes. Sente Paula gemer. Desabotoa a calça e coloca sua mão direita dentro dela, passa por cima da calcinha, Paula segura firme a mão esquerda que está apertando seu peito.

- Posso continuar?

- Deve! – Paula responde com voz rouca de desejo.

Seus dedos brincam devagar pelo corpo de Paula, tira a calça, beijas suas pernas e volta a ficar atrás dela.

- Quero sentir sua pele na minha. – pede Paula.

Clara se afasta e tira sua roupa. Ficam de frente uma para a outra, o beijo na boca demorado, leve e doce, contrasta com s mãos se agarrando.

- Vamos pro quarto. – Paula diz já puxando Clara.

O quarto está claro com a luz da tarde, Paula tira a colcha e se deita de costas na cama. Clara fica olhando seu corpo.

- O que foi?

- Você é linda sabia?

- Rsrs você acha?

- Tenho certeza.

- Então vem provar...

Clara vai até os pés de Paula, passa as mãos, uma em cada perna, vai subindo para a barriga, contornam os seios, passam pelo colo, ombros. Faz o mesmo caminho com sua boca, beijando e lambendo cada lugar. Paula sente o corpo trepidar, quente e sua respiração cada vez mais entrecortada.

Clara abre suas pernas delicadamente, passa seus dedos no vão, contornando o clitóris, os lábios. Sente Paula estremecer, olha em seus olhos e sorri. Beija delicadamente seu vão, passa a língua percorrendo o mesmo caminho dos dedos, suga seu clitóris e encaixa de leve seus dedos dentro dela. Paula se contrai ainda mais.

- Posso? – pergunta com voz rouca.

Paula geme dando permissão para que continue. Clara vai chupando de leve, depois vai aumentando a intensidade da boca e dos dedos, que entram e saem de Paula de forma intensa e rápida. Não demora muito e o gozo de Paula vem forte, seu corpo parece entrar em convulsão. Solta um gemido alto e prende a cabeça de Clara com as mãos, fazendo seu rosto ficar ainda mais colado no meio de suas pernas.

Quando sente o corpo de Paula amansar, deita a seu lado e a beija, fica passando sua mão esquerda pela barriga, com a direita, apoia seu rosto. Paula deitada de costas enquanto Clara fica de lado, com a sua perna entre as pernas dela.

- Que delícia!! – Paula diz com os olhos fechados.

- Também achei meu anjo.

Paula então abre os olhos e sorri, passa sua mão pelo rosto de Clara e vai descendo pela boca, pescoço e colo.

- Há muito tempo não tinha um orgasmo sabia?

- Te prometo que agora terá muitas vezes. – diz Clara com os olhos fechados, pega a mão de Paula e a beija.

- E agora?

- Agora não tem a famosa frase: e foram felizes para sempre....rsrs

- Sei que não, quero saber se agora você pode me ensinar como te dar o mesmo prazer que me deu...

- Com imenso prazer.

Se beijam muitas vezes, se descobrem e se invadem.

- Paula, sei o quanto é complicado e vou entender se não quiser assumir pros outros.

- Por que diz isso?

- Já passei por isso e foi barra. Imagino você com seus filhos, hétero e nessa cidade pequena. Entendo de verdade.

Paula segura o rosto de Clara e diz sério:

- Clara quando eu me abri com meu filho, eu tinha muito medo. Mas ele foi tão maravilhoso e me mostrou que eu devo e mereço ser feliz. Não quero só a parte boa e muito menos, me esconder como se fizéssemos algo de errado, porque aqui não há nada de errado!

Clara emocionada permanece quieta, ouvindo sua amada.

- Vamos sim assumir, vamos sim viver tudo isso, vamos sim ser julgadas, vamos sim enfrentar situações nada agradáveis, mas quer saber?

- Quero.

-Vamos mostrar pra essa gente careta e covarde que não temos medo de sermos quem somos e amarmos quem amamos. Não vamos deixar o preconceito e a hipocrisia ganhar do nosso amor.

Se abraçam e choram devagarzinho. Choram pela beleza do momento, pela certeza dos sentimentos e, sobretudo, pela força do amor que sentem uma pela outra.

FIM

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