Os dias passam e Laís luta contra a vontade de falar com Serena, acaba não respondendo suas mensagens. Acredita que se distanciando, vai minar o interesse da menina de cabelos cor de fogo.
Serena manda todos os dias pela manhã um bom dia e alguma foto que tenha algo bom de ler. Acha que pode de pouco em pouco, amolecer o coração de Laís.
O mês passa e elas não se falam, mas Laís pensa cada vez mais em Serena, mesmo sabendo que não há como fazer dar certo. Numa sexta, resolve sair e vai a uma boate gay que frequentava. Sentada no bar, está curtindo a música e olhando o ambiente, porém ninguém chama sua atenção. Até que sente um toque no ombro.
- Boa noite. – diz uma mulher alta e de corpo escultural.
- Boa noite. – Laís responde e a olha da cabeça aos pés.
- Te vi sozinha aqui há um bom tempo, resolvi vir perguntar o que uma mulher tão interessante faz sozinha num lugar como esse.
- Apenas curtindo a música.
- Posso me sentar aqui?
- Claro.
A mulher senta no banco ao lado de Laís.
- Me chamo Luísa, prazer! – e estende a mão para cumprimentar.
- Prazer, sou Laís. Aceita um vinho?
- Sim.
Laís pede ao barman e ambas ficam de frente uma para a outra. Laís olha para a mulher a sua frente que tem cabelos castanhos claros e lisos até os ombros, olhos verdes e covinhas. Nota as delicadezas dos seus traços.
- Venho quase toda semana aqui e nunca te vi, é sua primeira vez? – pergunta Luísa tomando um gole do vinho.
- Vinha muito, já tem um bom tempo que não aparecia por aqui.
- Mudou muito?
- Me parece sempre as mesmas personagens, só que em corpos diferentes.
- Como assim?
- Dá uma olhada à sua volta. Os mesmos tipos, a mais nova dando em cima da mais velha que anda solitária e carente, a periguete que quer pegar todas ao mesmo tempo, a ativa que quer se fazer de macho alfa...enfim...
- É bem verdade, mas acho que aqui são esses tipos de pessoas que acharemos. Tudo para passar apenas algumas horas e quem sabe, uma noite acompanhada.
- Meio vazio não? – Laís diz e pensa no quanto mudou, pois ia justamente a esses lugares para se divertir por breves momentos.
- Mas às vezes damos sorte de encontrar alguém que foge desses estereótipos.
Laís olha para Luísa e vê como é bonita e charmosa. Enquanto conversam, resolve investir mesmo que não passe de alguns bons momentos, quem sabe faça com que ela pare de pensar em Serena.
- Me fale de você... – Laís diz dando seu sorriso sedutor.
- O que quer saber?
- Tudo o que queira me contar.
- Huuum deixe-me ver. Bom, tenho 38 anos, separada há dois, sem filhos, sou médica e moro sozinha. Deixei algo de fora?
- Foi casada com homem ou mulher?
- Com mulher.
- Médica especialista em que?
- Sou cirurgiã.
- Um lindo trabalho!
- E você, me fale sobre você.
- Acho melhor você perguntar o que deseja saber.
- Moça difícil! Profissão, é casada ou solteira, se tem filhos, qual sua cor preferida, se já pulou de paraquedas, coisas assim. – e dá um sorriso encantador.
Laís ri do jeito espontâneo.
- Sou auditora, nunca casei, permaneço invictamente solteira, filhos nem em sonho, gosto de preto, já pulei de paraquedas e voei de asa delta.
- Preciso dizer que você é muito interessante.
- Você também Luísa.
Conversam por algum tempo, Laís se sente atraída e faz o convite:
- Que tal sairmos daqui?
- Quer me levar para um lugar mais sossegado? – Luísa ri de um jeito leve.
- Na verdade não pensei em um lugar, apenas que essas músicas estão me irritando e não consigo prestar a devida atenção que quero em você.
- Tem uma cafeteria que gosto muito, perto do hospital onde trabalho. Podemos ir lá.
- Vamos. Está de carro?
- Não, me dá uma carona?
A cafeteria fica no centro da cidade. No caminho passam em frente à loja de Serena, Laís sente um aperto no peito.
- Tá tudo bem? – Luísa pergunta.
- Sim, está sim.
Entram na cafeteria que é aconchegante e tem um estilo antigo, sentam numa mesa no fundo.
- Lugar agradável.
- Venho sempre, entre uma cirurgia e outra. Gosto daqui, consigo relaxar.
Pedem cappuccino e a conversa gira em torno das coisas comuns.
- Auditora contábil?
- Sim, trabalho em um banco.
Luísa percebe que Laís fica um pouco mais séria.
- Você me parece séria agora, aconteceu alguma coisa?
Laís percebe que só de passar em frente à loja de Serena seu humor alterou, então muda de assunto.
- Na verdade eu fiquei imaginando como uma médica linda como você pode estar solteira.
- Engraçado você dizer isso, porque me pergunto a mesma coisa sobre você.
- Acredito que não tenha encontrado a mulher certa, e você?
- Me decepcionei um pouco no final do meu casamento. Depois dele não senti vontade de me relacionar mais seriamente.
- Então apenas sexo? – Laís diz fingindo assustada.
- Por enquanto tem sido, mas posso mudar de ideia dependendo da mulher que encontrar. – e dá uma piscada para Laís.
- Você disse decepção, houve traição?
- Sim. Acho que, meus horários irregulares, muitas noites no hospital, acabaram deixando minha ex-mulher carente e a incentivou a procurar outras.
- No plural?
- Sim! Descobri três casos, nem imagino quantos outros ela deve ter tido.
- Nossa, isso me lembra porque nunca me casei. – Laís coloca a mão no peito e dá um suspiro.
Luísa ri do jeito dramático de Laís e diz:
- Olha casamento é bom, desde que ambas sejam sinceras e respeitem as regras.
- Regras??
- Sim. Sabe essa coisa de fidelidade hoje não me importa. Acho que quase aos 40, entendo que não tenho a posse de ninguém e muito menos quero que alguém se ache minha dona. O problema é quando isso não é falado.
- Como assim?
- Se eu me relacionar seriamente com uma mulher hoje, vou deixar claro que não me importa a fidelidade sexual sabe? Primo pela lealdade, ela sim me é importante.
- Mas fidelidade e lealdade não são quase a mesma coisa?
- Não para mim. Lealdade é quando ambas concordam e respeitam as regras. Ok, vamos nos relacionar, mas sabemos que há a possibilidade de sentirmos atração por outras pessoas, e tudo bem deixarmos acontecer. Desde que isso seja algo aceito por ambas.
- Gosto do seu jeito de encarar a vida.
- Santa maturidade. Mudei com o tempo e depois de perceber que somos mais felizes quando nos sentimos livres.
Laís olha para a mulher encantadora sentada à sua frente e sente uma vontade enorme de sentir seu beijo e percorrer todo seu corpo com suas mãos e boca.
- Agora gostaria de te fazer outro convite Luísa.
Luísa coloca sua mão em cima da mão de Laís e mordendo de leve seu lábio inferior, pergunta:
- E qual seria?
- Que tal irmos até a minha casa?
- Você é bem direta, gostei disso.
- E sua resposta é...
- Agora!
Levantam e vão para o carro. Chegando ao seu apartamento, Laís abre a porta e deixa Luísa entrar primeiro.
- Lugar lindo.
Laís pega a mão de Luísa e a puxa para mais perto. Enlaça sua cintura e sente seus corpos quentes, colarem.
- Objetiva você dona Laís. – Luísa corresponde e coloca seus braços na cintura de Laís.
- Somos duas mulheres maduras e interessantes.
- Sim somos.
- Para que perder tempo com bobagens? – diz Laís já beijando o pescoço de Luísa.
Luísa passa suas mãos nas costas de Laís enquanto sente sua boca no pescoço, segura o rosto de Laís e olhando em seus olhos, pede:
- Me beija.
Laís passa seus lábios na boca de Luísa, morde de leve e sente a boca quente se abrindo, coloca sua língua e a explora. Nesse momento sente o corpo de Luísa colar ainda mais no seu, as mãos a seguram com mais força.
- Por que não me apresenta seu quarto? – Luísa sussurra em seu ouvido.
- Vem. – Laís a puxa pela mão até seu quarto.
Tira a roupa de Luísa com delicadeza. Primeiro puxa o zíper do vestido fazendo com que escorregue pelo corpo.
- Seu corpo é lindo! – Laís diz já beijando os ombros e passando as mãos nas costas.
Luísa sente seu corpo queimar ao toque de Laís, que agora passa as mãos nas laterais de seu corpo e de repente, agarra mais forte e a puxa para encostar ainda mais nela.
- Tira sua roupa, quero sentir sua pela na minha.
Laís se afasta e em pouco tempo, já está nua. Leva Luísa até a cama e a faz deitar de costas. Se encaixa em cima dela, sente os corpos esquentarem ainda mais.
- Quero fazer você delirar.
- Então está no caminho certo Laís... – sai um sussurro.
Laís segura as mãos de Luísa acima de sua cabeça, que a olha com aprovação. Percorre com sua boca, primeiro o pescoço, passeia por ele todo, depois vai até a orelha, morde e desce até o ombro. Ouve Luísa gemer. Desce pelo colo e passa a língua em cada seio, depois beija de leve. Olha para Luísa e a vê de olhos fechados, extasiada.
Desce suas mãos pelos braços, de leve e sente o corpo arrepiar ainda mais, beija a barriga e segura sua cintura. Puxa o corpo de encontro à sua boca. Luísa diz com voz entrecortada:
- Que delícia.
Passa a língua na parte interna das coxas de Luísa que treme, morde cada uma delas. Suas mãos firmes apertam as coxas e sua boca agora toma seu sexo. Luísa sente seu corpo tremer e ondas de prazer invadem cada parte dela. A língua de Laís com destreza, faz seu clitóris latejar, sentem os dedos dentro de si e pede com a voz carregada de tesão:
- Mais forte...
Laís obedece e intensifica os movimentos de seus dedos dentro dela, suga seu clitóris de forma suave passando a língua na ponta dele bem rápido. Sente o corpo de Luísa mexer mais intensamente e percebe que irá gozar. Luísa se entrega por completo e sente o prazer máximo chegar, quando ele explode, solta um gemido forte e treme inteira.
Depois do gozo, Laís se deita a seu lado e coloca um dos braços por baixo do corpo de Luísa, abraçando, com a outra mão, passeia pelo corpo suado e mole pelo prazer.
- Nossa, que delícia. – Luísa diz com voz doce e macia.
-Você é muito gostosa, é quente.
As duas deitadas juntinhas, ficam por um tempo quietas, apenas curtindo o momento. Luísa se deita sobre Laís, beija o pescoço enquanto suas mãos tomam os seios. Sente Laís gemer baixinho, vai beijando, lambendo e sugando cada parte do corpo. Quando coloca sua mão entre as pernas de Laís, sente que ela a segura e puxa para cima.
- O que foi? Não gosta de ser tocada?
- Não, prefiro não.
- Mas quero te fazer gozar como me fez.
Laís sai debaixo de Luísa e se afasta. Senta na cama, de costas para ela.
- Senti um enorme prazer te fazendo gozar.
Luísa se encaixa atrás dela e a abraça.
- Tudo bem, respeito seu jeito. – e beija a nuca.
- Vou tomar um banho. – Laís se levanta e vai até o banheiro sem olhar para trás.
Embaixo do chuveiro pensa em Serena. Como conseguiu se entregar tanto a ela e agora com Luísa, uma mulher que sabe ter muito mais a ver, não se entregou? Ao contrário, não sentiu vontade e teve que inventar a desculpa do banho.
Luísa deitada na cama coloca os braços cruzados sob a cabeça e fica refletindo sobre o que acabou de acontecer. Tudo estava perfeito e, de repente, Laís se levanta e vai tomar banho e nem a convida. Levanta e vai até o banheiro, encosta na pia que fica de frente para o box e pergunta:
- Devo ir embora?
Laís se assusta, pois estava perdida em seus pensamentos. Se vira e diz olhando para a linda mulher nua a sua frente:
- Não. Apenas preciso de um banho.
- Sei lá, estava tudo ótimo, aí você se levanta e sai. Não quero incomodar.
Laís termina o banho, pega a toalha e começa a se enxugar.
- Desculpa, não queria te dar essa impressão.
- Fiz algo errado? Foi porque quis te tocar? – diz pegando a toalha das mãos de Laís e começando a secar seus cabelos.
- Não. Tá tudo bem. - e se deixa secar por Luísa.
Quando termina, Luísa segura o rosto de Laís com suas mãos e deposita um beijo suave em sua boca.
- Bom melhor eu ir embora. Quem sabe um outro dia a gente continua. – vira as costas e vai para o quarto.
Laís a segue, meio aturdida, não sabe se pede para que fique ou se concorda em deixá-la ir.
- Luísa fica, eu...eu...não sei o que aconteceu, apenas...
- Tudo bem Laís, vou anotar meu telefone, caso sinta vontade, me ligue. – diz já terminado de colocar sua roupa.
Pega uma caneta e um papel em sua bolsa e anota seu número. Deixa em cima do criado mudo. Vai até Laís, que permanece imóvel e nua, lhe dá um beijo na boca.
-Foi ótimo, espero que tenha replay.
- Terá.
Laís a acompanha até a porta e se despedem. Volta para o quarto e deita na cama, ainda nua. O sono demora a chegar, tantos são os pensamentos e as sensações estranhas que invadem seu coração.