Na faculdade de psicologia que comecei, descobri que quero ir para a área clínica voltada aos familiares de doentes com demências diversas, por isso estou correndo atrás de todos os cursos e palestras que se refiram ao assunto. Quis o destino, se ele existir, que uma dessas palestras acontecesse em outra cidade, à bem da verdade, na sua cidade. Juro que tentei ver no calendário da palestrante outras opções, mas a próxima ocorreria só daqui a três meses. Por uma semana inteira pesei todos os pontos que me faziam ir e que me impediam de sair de casa. Por fim, cheguei à conclusão que não deveria deixar de realizar meus sonhos por sua causa, mesmo que nunca houvesse me pedido nada do tipo. Talvez fosse meu orgulho fingindo ser você.
Enfim chegou o dia de embarcar. Em nenhum momento cedi à imensa vontade de te avisar que no dia seguinte estaria tão próxima a você. Resisti bravamente. Chego na sexta-feira, por volta das seis da tarde e vou direto para o hotel que reservei. Lugar simples, porém agradável. Arrumo minhas coisas e resolvo dar uma volta e comer algo na rua. Me dá certa claustrofobia ficar só no quarto, gosto de conhecer lugares e ver pessoas diferentes. Pelo que me lembro das nossas conversas, a possibilidade de cruzar com você nessa região da cidade é remota, mesmo que intimamente desejasse que isso acontecesse.
Passo em frente ao shopping e resolvo entrar para procurar um lugar para comer, acabo encontrando um lugar agradável, o Café do Museu. Entro e peço um café. O ambiente é colorido e muito bem decorado, bom lugar para passar um tempinho e relaxar da longa viagem. No caminho acabei parando numa banca e comprei uma dessas revistas que fala sobre como desacelerar e curtir a vida.
Num certo momento sinto como se alguém me olhasse e um arrepio sobe pelas minhas costas. Foi uma sensação estranha, mas não ruim. Resolvo olhar discretamente à minha volta para ver se encontro o olhar que tirou minha concentração. Quando levanto a cabeça e olho para o lado direito, levo um susto e o coração parece que vai sair correndo de dentro de mim. Olho por mais tempo do que deveria para ter certeza, mudo a direção do olhar e depois de alguns segundos volto a olhar. Não é um fantasma e nem alucinação, o destino ou o que for, quis que o improvável acontecesse, estarmos no mesmo local e no mesmo momento.
Me sinto estancar, sem reação e duvidando que isso estivesse acontecendo. Acho que você não me notou, tem outras pessoas à mesa e o papo parece alegre. O lugar está um pouco cheio e, muitas conversas preenchem o ambiente. Discretamente levanto e vou ao banheiro. Sei lá porque resolvo ir e lavar o rosto, vai ver que vi tantos filmes em que os personagens faziam isso para se acalmar, que fiz mecanicamente. Fico uns minutos e volto, mas me sento de costas para a mesa que você está, acho que autoproteção. Peço a conta ao garçom e de repente me dá um desespero para sair dali. Só me vem uma frase na cabeça: “na vida real nem pensar”. Me sinto covarde, mas resoluta me levanto e, quando vou pegar minha revista e bolsa, sinto uma mão segurando meu braço. Me viro com receio e dou de cara com você atrás de mim, numa distância razoável mas para mim, perto demais. Você sorri e me diz:
- Oi! Já saindo?
A voz apenas não sai, depois de uma eternidade que deve ter durado 30 segundos, digo:
- Oi, eu estava aqui há um tempo e preciso fazer algumas coisas...
- E que tal você ao menos, me cumprimentar antes de ir embora?
E você vem me dando um beijo no rosto sem soltar meu braço. Sinto um perfume agradável, não sei se é shampoo, perfume, creme ou minha imaginação, só sei que é bom. Não sei se correspondi ao beijo. Quando você se afasta, me olha de um jeito diferente e me diz mais baixo do que antes:
- Me espera, vou me despedir do pessoal e te dou uma carona até onde tem que ir.
E simplesmente se vira e vai até a sua mesa. Juro que penso em sair correndo, tipo maratonista quando tá quase perto da linha de chegada e dá seu derradeiro trote, mas você brota na minha frente outra vez e diz:
- Vamos?
Por meu corpo passam as mais diversas sensações, pela cabeça milhões de pensamentos e respostas, mas apenas digo:
- Sim.
O caminho até seu carro é tenso, ao menos para mim, mas conseguimos trocar algumas palavras sobre amenidades, coisas como o tempo, que hoje o trânsito é intenso por ser sexta e outras bobeiras.
Você entra e abre a porta, sento no lado do passageiro e todas as coisas e assuntos somem da minha cabeça. Você liga o rádio, tá tocando alguma música do Skank, acho que é Te Ver. Respiro fundo, solto o ar e tento relaxar. Não sei o que você está sentindo ou pensando, não consigo captar nem em seu olhar e nem em sua expressão. Apenas te ouço cantarolar quase toda a música, de repente você para no farol e me olha. Um olhar firme e indecifrável. E diz:
- Por que não me avisou que viria pra cá?
- Achei que o “nem pensar” estivesse valendo e não quis insistir, fora que não vim pra isso.
- E por que veio então?
- Uma palestra importante.
- Onde é seu hotel?
Leio o cartão e falo o endereço, pelo que andei sei que é perto. Você dirige até lá e estaciona na rua ao lado. Desliga o carro, tira o sinto e diz:
- Acho que seria bom conversarmos, mas não no carro, posso subir?
Não esperava por isso e fico confusa, mas...
-Claro.
Respondo e já me arrependo, queria ter dito não, não temos nada pra conversar, etc, mas apenas digo sim. Vai entender. Pego a chave na recepção e vou até elevador, você me segue e entramos no elevador que está vazio. O quarto fica no 8º andar e parece que vai levar uma eternidade para fazer esse percurso, até que você aperta o botão e o elevador para. Te olho com estranheza e, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, você vem na minha direção, puxa minha nuca com a mão e me dá um beijo. Longo, intenso e demorado beijo, tão sonhado e desejado. Com uma mão eu enlaço sua cintura e puxo seu corpo pra colar no meu, a outra levo até seu pescoço e acaricio seu rosto. Naquela hora tudo fica como que em câmera lenta, fora do mundo real. Sinto sua mão apertando a minha nuca e a outra percorre minhas costas, me puxando. Não me pergunte como, mas quando me dou conta o elevador volta a subir. Saímos e vamos até o quarto mais rápido do que seria normal. Mal abro a porta e já fecho com o pé mesmo, te encosto contra a parede sem parar de te beijar.
O beijo é bom, não me lembro de ter sentido algo tão intenso e doce ao mesmo tempo, que dá vontade de nunca mais sair de dentro dele. Minhas mãos querem mapear cada parte do seu corpo, sentir o calor, textura e curvas. A sua respiração fica cada vez mais forte e ouço me dizer baixinho:
- Faz tudo o que um dia me prometeu... agora ...
Essa ordem faço questão de obedecer. Desço minha boca pro seu pescoço, beijo e depois passo a língua devagar em volta dele. Minha mão esquerda entra por baixo da sua blusa, sobe pela barriga e encontra seu colo, passo entre seus seios até chegar ao pescoço. Desço devagar e paro nos seu seio, brinco com meus dedos em volta dele. Seguro inteiro, depois passo em volta do bico, ouço seu gemido e sinto suas mãos nas minhas costas. Paro para tirar sua blusa, você levanta os braços, eu tiro e jogo em algum canto. Seguro suas mãos contra a parede e vou com a boca até seus seios. Passo a língua entre eles, primeiro o esquerdo, lambo e dou uma mordida de leve, passo de novo a língua e sugo. Acho que você me diz para não parar ou algo do tipo. Sei que não vou parar. Faço o mesmo com o outro, com calma, mas de forma intensa. Minhas mãos descem pelos seus braços, passam pelas laterais do seu corpo. Te sinto arrepiar. Com a mão direita vou até sua calça, abro o botão e depois o zíper, encaixo minha mão dentro dela, acho que você geme mais alto. Escorrego a mão por dentro e sinto o calor e umidade. Com a outra mão fico brincando com seus seios, barriga, aperto e acaricio seu corpo. Eu beijo sua boca e você corresponde com voracidade, sinto sugar minha língua e arranhar minhas costas. Tenho a impressão que está gostando.....na verdade não há espaço pra dúvidas quanto a isso...
Você me empurra, levo um susto, mas em seguida você arranca o resto da roupa e num passe de mágica, me vejo nua também. Quando olho seu rosto e vejo sua expressão de tesão, não aguento e me ajoelho, abro suas pernas com delicadeza, flexiono uma delas até apoiá-la no meu ombro. Olho pro lugar onde desejei tanto sentir o gosto, sinto um desejo louco e te ouço dizer:
- Não aguento mais, vem ...
Passo minha língua molhada e quente por suas coxas, uma de cada vez, quando mordo de leve ouço seu gemido e sinto que puxa meus cabelos. Quando fico bem perto dela, minha vontade é devorar de uma vez, mas vou com calma. Primeiro lambo toda a sua volta, depois na parte de dentro, para sentir todo o sabor. Devagar desvendo cada parte, até que você meio que suplica:
- Me chupa por favor!
Então eu sugo seu clitóris, puxo com força e prendo com meus lábios. Você grita e puxa minha cabeça pra mais perto.
Com as mãos abro seus lábios e encaixo a língua dentro deles, beijo como beijei sua boca, primeiro delicado e depois com intensidade. Sinto seu corpo tremer e você começa a rebolar, diz algumas coisas que já não entendo mais. Sinto o líquido que desce de você vir num fluxo maior, seguro suas coxas com minhas mãos e volto pro seu clitóris, preciso suga-la e percebo que isso te faz estremecer ainda mais. Agora a pressa e urgência me invadem e aumento a velocidade, e encaixo meu dedo dentro de você num vai e vem devagar e aos poucos aumentando a velocidade e intensidade. Não sei quanto tempo se passa, não sei onde estou e nem meu nome mais, apenas sinto você e a necessidade de te fazer flutuar.
Seu gozo vem feroz, você agora geme e fica ainda mais ofegante, seu corpo todo estremece e eu subo devagar, lambendo sua barriga, seios, até chegar a sua boca. Nos abraçamos e o beijo agora vem mais tranquilo porém longo e carinhoso. Nossos corpos molhados de suor colam um no outro. Agora te trago pra cama, te deito de costas e passeio minha mão por você inteira. Sinto sua respiração se acalmar e você fecha os olhos. Enquanto você se refaz, beijo cada parte do seu corpo. Afinal, não sei se essa será não apenas a primeira, mas também a última vez.